Os missionários e as preocupações com os nativos Não se pode falar na história da colonização do Brasil, sem mencionar o aspecto da religião. De facto, os missionários tiveram um papel importantíssimo junto dos índios e também dos próprios colonos. Ainda hoje, a religião dominante é a católica. Em 1549, chegam à Baía o primeiro governador do Brasil, Tomé de Sousa, e os primeiros missionários da Companhia de Jesus, entre os quais o Padre Manuel da Nóbrega, homem de grande visão, e aí fundam a Província do Brasil da Companhia de Jesus. Tinham como objectivo a evangelização e conversão ao Catolicismo dos índios e dos próprios colonos e a sua arma era a educação. Estes primeiros missionários procuraram cativar os índios através do aspecto exterior do culto, como era o caso das procissões e romarias e fundaram diversas missões e escolas. Em 1553, chega ao Brasil, com o segundo governador, outro grupo de jesuítas, entre os quais o Padre José de Anchieta, figura essencial do missionarismo. As primeiras missões, que eram aldeias onde se catequizavam os indígenas, foram construídas nas margens do rio Paranapanema. Em menos de 50 anos, os missionários expandiram-se pelo litoral do país e também pelo interior, o chamado sertão. Muitas dessas missões eram dirigidas por jesuítas espanhóis. Mas os missionários, para além da expansão da fé cristã, combatiam a escravização dos índios e procuravam preservar os bons costumes entre os colonos, o que constituía uma missão difícil, uma vez que os vícios e os excessos adquiridos eram mais que muitos. As áreas a que os jesuítas se dedicaram foram a educação, (ministrando-a em casas, residências, colégios e seminários), a catequese, (nas aldeias missioneiras) e a assistência a doentes, feridos e outros necessitados (em hospitais, casas de recuperação e quintas de repouso). A catequese difundiu-se bastante, embora com pouca profundidade, pois as crianças indígenas que frequentavam os colégios, ao voltar às aldeias, transmitiam o que tinham aprendido aos pais. Os jesuítas foram também responsáveis pela vida cultural e intelectual no Brasil. Apesar de terem concessões e receberem apoios financeiros por parte da Coroa Portuguesa e contarem com as esmolas, tal não significa que não tenham sofrido provações. Mas, segundo as palavras do Padre Anchieta, «...nada é árduo a quem tem por fim somente a honra de Deus e a salvação das almas, pelas quais não duvidamos dar a vida.»